Introdução ao Envolvimento Comunitário para a Saúde
Generalidades do Envolvimento Comunitário para a Saúde
Envolvimento Comunitário para a Saúde- significa
envolvimento ativo de pessoas de todos os extratos sociais, (homens, mulheres,
jovens, crianças e velhos) que vivem juntas, de forma organizada e coesa, na
planificação e implementação dos Cuidados de Saúde Primários, usando recursos
locais, nacionais ou outros.
Comunidade
Comunidade- é
um conjunto de pessoas vivendo numa área geográfica limitada, de forma
organizada e coesa, mantendo vínculos sociais entre elas. Do ponto de vista da
sociologia, certos lugares como as cadeias ou os quartéis também são
comunidades, que podem ser descritas e analisadas. Por outro lado, no mundo
laboral, uma empresa também é uma comunidade, uma vez que os seus integrantes
partilham de objetivos comuns e de uma filosofia corporativa.
Características das Comunidades
Geralmente este
conjunto de pessoas que vive numa área geográfica determinada compartilha
uma cultura comum e um modo de vida, são conscientes do fato de que
compartilham certa unidade e que pode atuar coletivamente em busca de um
objetivo ou de uma meta.
Para definir
uma comunidade é necessário que cada integrante faça parte de uma história compartilhada,
uns objetivos propostos em comum, um estabelecimento de metas, uma identidade
compartida e uns objetivos em função das necessidades comuns.
Quando tudo
isso sucede podemos evidentemente assumir que realmente existe uma comunidade.
Nas
comunidades, as normas de convivência e de conduta de seus membros estão
interligadas à tradição, religião, consenso e respeito mútuo. Na sociedade, é
totalmente diferente. Não há o estabelecimento de relações pessoais e na
maioria das vezes, não há tamanha preocupação com o outro indivíduo, fato que
marca a comunidade. Por isso, é fundamental haver um aparato de leis e normas
para regular a conduta dos indivíduos que vivem em sociedade, tendo no Estado,
um forte aparato burocrático, decisor e central nesse sentido.
Tipos de Comunidade
Tomando em consideração que uma das características indiscutíveis
da comunidade, é a forma de viver em sociedades, isto é, uns próximos dos
outros, de modo íntimo, privado e exclusivo.
É a forma de se
estabelecer relações de troca, necessárias para o ser humano, de uma maneira
mais íntima e marcada por contatos primários; podemos encontrar várias
situações em que o ser humano esta submetido a estas condições:
-
Religiosos
(comunidade religiosa podendo ser cristão, muçulmana, etc),
-
Estudantes
(comunidade estudantil), Trabalhadores, entre outros.
Estruturas das comunidades
Fazendo uma análise mais minuciosas da comunidade,
viremos que elas são constituídas por indivíduos e estes compõe as famílias ou
grupos ainda maiores dependendo do contexto em análise. Tanto nas famílias
assim como a nível dos bairros / povoados / localidades / Distritos existem
lideres para guiar e ordenar o grupo.
A nível das
comunidades temos as autoridades comunitárias-segundo o Decreto n° 15/2000, são
autoridades comunitárias os chefes tradicionais, os secretários de bairros e de
aldeias e outros líderes legitimados como tais pelas respetivas comunidades
locais e reconhecidas pelo competente representante do Estado. (MISAU, 2011)
Liderança nas comunidades
Liderança é a habilidade de motivar e influenciar os
liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com
entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipe e da organização. (MISAU, 2011)
Para implementação de qualquer programa ou acção direcionada a saúde das comunidades, é indispensável o envolvimento activo do alvo a quem se direcionam essas acçõe. Por outro lado, o sucesso em saúde não se alcança por uma simples disposição de recursos humanos qualificados, tecnologias e rede de unidades sanitárias mais abrangente, este, requer um papel activo das pessoas que se beneficiam destas intervenções.
O envolvimento comunitário tem sido
relatado não só no contesto de saúde, mas também nas outras áreas como
agropecuária, pesca, industria do minério, a proteção florestal, etc…como sendo
o pilar para o alcance dos objectivos
das instituições.
De
seguida serão desenvolvidos alguns conceitos básicos usados no envolvimento
comunitário para saúde.
Conceitos Básicos Usados no Envolvimento Comunitário
Envolvimento
Comunitário
Significa participação
activa de pessoas de todos os extractos
sociais, (homens, mulheres, jovens, crianças e velhos) que vivem juntas, de
forma organizada e coesa, na planificação e implementação dos Cuidados de Saúde
Primários, usando recursos locais, nacionais ou outros.
Mobilização
Comunitária
É uma expressão que
implica um processo activo, por parte das autoridades de Saúde e outras para
suscitar o «Envolvimento Comunitário» e criar um ambiente que lhe seja
favorável à Saúde.
Comunidade
É um conjunto de
pessoas vivendo numa área geográfica limitada, de forma organizada e coesa,
mantendo vínculos sociais entre elas.
Autoridades
comunitárias
Segundo o Decreto
n° 15/2000, são autoridades comunitárias os chefes tradicionais, os
sectretários de bairros e de aldeias e outros líderes legitimados como tais
pelas respectivas comunidades locais e recnhecidas pelo competente
representante do Estado.
Estruturas de base
comunitária -Designam-se os conselhos de lideres comunitários ou comités de
saúde comunitário, composta por homens e mulheres, membros influentes de uma
comunidade, os quais foram escolhidos ou eleitos por essa comunidade.
Conselho de lideres
comunitários (CLC´s)
O Conselho de
Líderes Comunitários é uma estrutura sócio-comunitária composta por homens e
mulheres, membros de uma comunidade, os quais são escolhidos ou eleitos por
essa comunidade, para a "representar" em todas as ocasiões em que é
preciso tomar decisões como uma comunidade. Essas pessoas tem a particularidade
de serem na comunidade líderes formais ou informais, podendo ser: líderes
religiosos, régulos, professores, secretários de bairros, comerciantes,
representantes de grupos de mulheres, de jovens, de profissionais, Agentes
Comunitários de Saúde e outros.
Rede Comunitária de
Saúde
Refere-se ao sector
comunitário de prestação de cuidados de saúde, com infrastruturas comunitárias,
que se pretende auto-sustentável, envolvendo todos os intervenientes
comunitários como Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Estruturas de Base
Comunitária (CLC´s) e Autoridades Comunitárias.
Agente Comunitário
de Saúde
São designados
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) todos os indivíduos, escolhidos na
comunidade e pela comunidade, formados pela Saúde ou pelas ONGs e instituições
religiosas para realizar actividades promotivas, preventivas e/ou curativas a
nível das comunidades. Dentro do grupo dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
encontram-se os Agentes Polivalentes Elementares (APEs), Parteiras Tradicionais
(PTs) e os Activistas.
Agente Polivalente
Elementar (APE)
É um elemento da
comunidade, por esta seleccionado, treinado pelo SNS ou pelas ONGs para prestar
cuidados preventivos, curativos e promocionais a essa mesma comunidade.
Activista
comunitários da Saúde
É um voluntário
membro da comunidade, por esta seleccionado, treinado por uma ONG e/ou por uma
instituição da Saúde, trabalhando sob a orientação a apoio metodológico de uma
ONG ou de instituições do Estado, ao conselho de líderes comunitários (CLC).
Parteira
Tradicional (PT)- é a mulher que faz partos na comunidade e reconhecida pela
comunidade
Medicina
Tradicional- segundo a OMS, é a combinação total de conhecimentos e práticas,
sejam ou não aplicáveis, usados no diagnóstico, prevenção ou eliminação de
doenças físicas, mentais ou sociais e podem assentar exclusivamente em
experiências passadas passadas e na observação transmitida de geração,
oralmente ou por escrito.
Praticante de
Medicina Tradicional (PMT)- Segundo a OMS, é a pessoa reconhecida pela comunidade na qual
vive, como sendo competente para fornecer saúde usando plantas, animais,
minerais e outros métodos baseados em conhecimentos anteriores, religiosos,
sociais e culturais, bem como atitudes e crenças que são prevalescentes na
comunidade tendo em vista o bem estar físico, mental e social.
Antecedentes
O envolvimento e a
participação da comunidade eram conseguidos através de várias formas de
organização, tais como:
Organização de
Concelhos de Base (CB) a nível de todos os hospitais, que funcionavam nos
diversos sectores tais como as enfermarias, cozinhas, lavandarias, consultas,
etc. Era dentro dos CB que os trabalhadores com a participação de membros da
comunidade decidiam sobre qual deve ser a sua conduta para o melhor desempenho
e elevação da qualidade dos serviços prestados aos utentes;
Ligação
Povo-Hospital – através de reuniões nos bairros, células e quarteirões nas
cidades, vilas e aldeias colhiam-se críticas e sugestões sobre o funcionamento
dos hospitais e a melhoria da relação Povo-Hospital;
A formação e
inserção de Agentes Polivalentes Elementares (APEs) e das parteiras
tradicionais (PTs) nas comunidades cujo objectivo era a extensão dos serviços
de saúde através da transferência de conhecimentos para a comunidade e do seu
envolvimento na selecção destes elementos para a formação e garantia da sua
sustentabilidade pela população.
Missão do Envolvimento Comunitário
A Missão do
envolvimento comunitário inserida na Política Nacional e no Plano Estratégico
do Sector Saúde visa garantir acesso aos cuidados básicos de saúde
moçambicanos, através da promoção das capacidades da comunidade para a
identificação, análise e tomada de decisões para resolução dos problemas de
saúde e desenvolvimento.
Objectivos do Envolvimento Comunitário
Satisfazer um direito e um dever - todo o ser humano
tem o direito e o dever de participar individual ou colectivamente na
planificação e na implementação dos cuidados de saúde que lhe são destinados. O
envolvimento das comunidades num processo de satisfação dos seus direitos
conduz a que essas comunidades possam reivindicar esses direitos.
Promover a auto-responsabilidade da colectividade e dos
indivíduos - os programas de saúde com uma forte componente de envolvimento
comunitário conduzem a auto-responsabilização da comunidade para promover o
desenvolvimento comunitário e melhorar as condições de vida da população, para
além de constituir uma aprendizagem;
Melhorar as taxas de cobertura dos cuidados de saúde - As Direcções
Provinciais de Saúde têm experiência de aumento das taxas de coberturas
vacinais e de outros programas através da realização de Campanhas de Vacinação
e de Brigadas Móveis, bem como dos Dias Mensais de Saúde. Isto tem sido
possível em grande medida graças ao envolvimento da comunidade através das
autoridades comunitárias.
Melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados – quando as
comunidades ganham o poder de identificar e priorizar os seus problemas de
saúde e de tomar decisões sobre as formas de os resolver, desenvolvem a sua
capacidade de análise crítica e ganham consciência dos seus direitos, pelo que
se tornam mais exigentes, mas igualmente, mais construtivas nas suas
reivindicações.
Melhorar o funcionamento das Unidades Sanitárias – envolvendo as
comunidades na gestão das unidades sanitárias, podem apoiar o estabelecimento
de um horário e de outras condições para o desenvolvimento dos programas
compatíveis com as suas actividades, tornar o funcionamento das unidades
sanitárias mais amigável e conveniente para eles, e evitar-se a perda de
oportunidades.
Abrir largas perspectivas para priorizar acções de promoção da Saúde e
de prevenção da doença - é muito mais fácil o envolvimento das comunidades em acções de
promoção de higiene e saneamento, educação para a saúde do que na prestação de
cuidados em regime de hospitalização que são sempre mais onorosos;
Aumentar a eficácia e a eficiência do sistema – um sistema de saúde sob a supervisão e controlo directos das
comunidades, istoé, dos beneficiários, será de certo melhor gerido, o que
aumentará a sua eficácia (grau de cumprimento dos objectivos pré-determinados e
das metas fixadas) e igualmente de eficiência, através de uma melhoria da
utilização dos recursos (expressão da relação entre os resultados obtidos e os
esforços despendidos, em termos de recursos humanos, materiais, financeiros e
infraestruturais, de tecnologia e de tempo);
Reforçar a coesão e a auto-suficiência da comunidade – O envolvimento comunitário para a saúde facilita a troca de
informações e experiências entre os membros da comunidade de que resultaria
reforço da colaboração e coesão. Para além disso, este processo conduz a uma
maior democratização da vida da comunidade, atenuando tendências autocráticas
das autoridades comunitárias.
Princípios do Envolvimento Comunitário
Desenvolvimento na
comunidade do sentido de apropriação, "poder/ ownership", de ser ela
a dona de todas as acções realizadas no seu seio, e de responsabilidade pelo
seu próprio bem-estar, através do envolvimento de "pessoas de
recurso" da comunidade e de outros membros influentes na identificação dos
problemas de saúde e desenvolvimento, e tomada de decisões sobre os mesmos,
utilizando técnicas apropriadas de mobilização comunitária, envolvendo
parceiros mais convenientes para este tipo de acção.
Estabelecimento ou
reforço de estruturas existentes a nível comunitário, com base em parcerias,
para assegurar a sustentabilidade das actividades. O envolvimento, coordenação
e convergência de outros programas baseados na comunidade que podem ser
parceiros chaves na implementação;
Complementaridade
entre a saúde e a comunidade na implementação das actividades com particular
enfase nos recursos da comunidade, especialmente, os recursos humanos e
materiais na implementação das actividades são importantes para o sucesso da
estratégia;
Entendimento claro
dos conhecimento locais, práticas, comportamentos e percepções das famílias e
comunidades no âmbito de saúde;
Equidade de género
a nível da comunidade, encorajando-se a participação das mulheres nas reuniões
comunitárias e nas iniciativas que diminuam a inequidade de género, assim como
a participação dos homens nos cuidados de saúde da família e da comunidade;
Transparência na
difinição de prioridades e planos de acção em particular na utilização dos
meios materiais e financeiros;
Existência de
principios claros de articulação com os praticantes de medicina tradicional
(PMTs);
Existência de um
sistema de informação comunitário (SIC) estabelecida com a própria comunidade,
que sirva para uma tomada de decisões a nível local, isto é de simples leitura
e compreensão pela comunidade para que esta possa, com base nele, tomar
decisões;
Bibliografia
MISAU. Estratégia de Envolvimento Comunitário. 2011
Bibliografia
MISAU. Estratégia de Envolvimento Comunitário. 2011
thanks pela inormacao disponibilizada. espero aprender mais atraves do blog e muita forca.lopes leonardo
ResponderEliminara materia ta optima, penso eu que esse criterio de postar os apontamentos na net deve continuar em diante, isto porque ira facilitar os que nao tem possibilidades de estrair copias..... E nao so assim a qualquer momento que agent precisar ira consultar seja aonde estiver ao enves de andar com brochuras de um lado para outroo....
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
EliminarValeu meu irmao, ajudou-me muito, teno que apresentar esse tema na concetracao, logo essa informacao usar-se-a para o efeito, Forca jovem!
ResponderEliminarValeu meu irmao, ajudou-me muito, teno que apresentar esse tema na concetracao, logo essa informacao usar-se-a para o efeito, Forca jovem!
ResponderEliminarMuito Obrigado pela informação,é muito util.
ResponderEliminarMuito Obrigado pela informação,é muito util.
ResponderEliminarMuito obribada. Gostei imenso da informaçao.
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
EliminarAgradeco a sua contribuicao, ajudou a muitos e continue ajudando a informacao esta bem sintetizada.
ResponderEliminarAgradeco a sua contribuicao, ajudou a muitos e continue ajudando a informacao esta bem sintetizada.
ResponderEliminarDe nada . visite o blog mais vezes e deixe seu comentário para que eu possa melhorar
EliminarObrigada pela materia, esta optima, bem organizado e simplificado. Continue assim, ajuda muitos
ResponderEliminarDe nada . visite o blog mais vezes e deixe seu comentário para que eu possa melhorar
EliminarMuito obrigado.
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
EliminarGrato pelo grande trabalho feito.vai nos apoiar em muita coisa.força e continue assim Excia.Parabéns
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
Eliminarmateria util e metodicamente apreciavel.
ResponderEliminarobrigado meu caro jovem pela informçao continue assim
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
EliminarObrigado, estou usando o que aprendi.
ResponderEliminarxtou muito satisfeito pela materia tao util.
ResponderEliminarObrigado. Visite sempre o nosso blog e deixe seu comentário.
Eliminarxtou muito satisfeito pela materia tao util.
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
EliminarMuitíssimo obrigado, extremamente importante
ResponderEliminarEnvolvimento Comunitário para a Saúde
Eliminarv
EliminarObrigado pela informação. Mais força
ResponderEliminareste apontamento e muito ricco e resumido
ResponderEliminarAmeiii
ResponderEliminarajudou bastante Obrigad, como posso obter o manual "MISAU. Estratégia de Envolvimento Comunitário. 2011"
ResponderEliminarGostei tantto desse apponttamentto.
ResponderEliminarGrato pelo este desenvolvimento do tema em causa ,esta de parabéns.
ResponderEliminarRealmente o assunto. É muito util e usei na minha formação ate agora. Força ai irmao
ResponderEliminarUm tema a reflectir, realmente o suceso dos programas e saude carece do envolvimento da comunidade como interveniente fulcral. Parabens
ResponderEliminarNb: Se poder, manda me o manual do MISAU, estrategias do envolvimento comunitario 2011
informacao muito util.
ResponderEliminarobrigada pela partilha
Obrigado. Visite sempre o nosso blog e deixe seu comentário.
ResponderEliminarComo você estudante trabalhador pode beneficiar os serviços da saúde?
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