DOENÇAS-ALVO DO PAV
Como vimos inicialmente, o PAV desde o seu lançamento
tem registado melhorias que se reflectem na redução da incidência das
doenças-alvo e que, portanto, nos últimos anos, o MISAU tem vindo a introduzir
novas vacinas, o que consequentemente aumenta a lista das doenças-alvosdo PAV1.
As doenças-alvo
do PAV são as que se podem evitar com a aplicação de vacinas específicas
incluídas no Programa. Uma vez que cada país tem a sua política em relação às
vacinas a serem usadas nos seus respectivos programas, as doenças-alvo do PAV
devem ser bem definidas de modo a facilitar a sua detecção e seguimento a todos
os níveis, através do sistema da vigilância epidemiológica1.
A seguir são apresentados
aspectos mais relevantes das doenças-alvo do PAV:
Sarampo
Caracterização |
O sarampo é
uma doença altamente infecciosa causada por um vírus. A doença é frequente em
algumas populações e mais ocorre em proporções epidémicas. O sarampo
epidêmico é particularmente comum em condições de super-povoamento e pobreza,
onde elevado número de pessoas não imunizadas vivem em contacto muito
próximo. O sarampo é uma doença de notificação obrigatória, e é a mais letal
nas crianças dentre as doenças preveníveis pela vacinação6. |
Definição de Caso |
Presença ou história de rash
cutâneo generalizado, febre e qualquer um dos seguintes sinais:
constipação, corrimento nasal ou vermelhidão nos olhos. |
Epidemiologia
A epidemiologia do sarampo
é dinâmica, mudando com o tempo à medida que os serviços de vacinação alteram
o “pool” de indivíduos susceptíveis (OMS, 1996). As epidemias continuam a
ocorrer mesmo quando as coberturas vacinais se situam acima dos 90%. Contudo,
elas são de muito pequena magnitude e são separadas por intervalos muito
longos. Isto se deve
ao acúmulo de indivíduos susceptíveis (os indivíduos não vacinados e os que
falham em fazer a seroconversão) associado ao facto do sarampo ser uma doença
altamente infecciosa. Em condições de alta densidade populacional, é muito
provável que o sarampo ocorra ao longo de todo o ano, às vezes com picos
sazonais. Em áreas de pouca densidade populacional, a cada dois ou três anos.
Nos casos em que um grande “pool” populacional de crianças é susceptível, um
único caso de sarampo pode provocar epidemias. |
As pessoas que se
recuperam do sarampo são imunes por toda a vida, e crianças que nascem de
mães que tiveram sarampo, geralmente são imunes por 6 a 8 meses. A vacinação
é a intervenção mais efectiva que existe em saúde pública, para proteger uma
criança contra o Sarampo. Prevenir o sarampo
através da imunização terá influências profundas na morbidade e mortalidade
pela doença e trará outros benefícios através da prevenção de outras
conndições tais como a desidratação, infecções respiratórias, cegueira,
malnutrição severa e deficiência de Vitamina A. O vírus do sarampo é
transmitido através de gotículas respiratórias libertadas por pessoas infectadas
ao tossir ou espirrar. Os casos são infecciosos um a três dias antes do
aparecimento do rash cutâneo até 7 dias depois. O período de incubação vai
de 7 a 18 dias. A doença propaga-se rapidamente nos locais onde as crianças e
adolescentes se juntam, tais como, hospitais, casas, escolas, mercados,
centros de refugiados e locais de convívio. Crianças entre os 9 e 12 meses, não vacinadas, têm uma
grande probabilidade de serem infectadas pelo vírus do sarampo1. |
ATENÇÃO |
O sarampo severo é também
muito provável de ocorrer nos seguintes casos: |
Quadro Clinico
A erupção característica que é acompanhada de inflamação da
mucosa ocorre no momento em que a imunidade para o vírus se desenvolve. A
febre, constipação e diarréia precedem a erupção. Pode haver uma erupção na
boca que se apresenta como “manchas de koplik ”. A erupção cutânea
usualmente aparece primeiro por detrás das orelhas e se espalha pela face e
parte superior do tronco e depois se estende para o resto do corpo. A erupção
é macular ou mais frequentemente maculo-papular e de cor mais escura do que a
pele normal6 |
As seguintes complicações podem ocorrer especialmente
em crianças menores de 5 anos:
Tratamento
Uma vez que se trata de
infecção viral, não existe tratamento específico. No entanto, o tratamento
sintomático é importante e deve ser feito em casa nos casos ligeiros. O
tratamento caseiro deve incluir: |
Cuidados na unidade
sanitária incluem:
ATENÇÃO |
Não existe tratamento específico para o sarampo, mas
a vitamina A, dada em dois dias consecutivos, reduz drasticamente a taxa de
letalidade por sarampo. A vacina contra o Sarampo
dada aos 9 meses, protege 85% das crianças vacinadas. Se crianças menores de
9 meses forem vacinadas em resposta a surtos epidêmicos, elas devem ser
revacinadas aos 9 meses, pois algumas podem não estar protegidas1 |
Em suma,
principais sinais compreendem Tosse; Coriza; Conjuntivite; Dor de cabeça; Febre
alta, acima de 38,5°C; Manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás
das orelhas, e, em seguida, se espalham pelo corpo; Manchas brancas que
aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de koplik, que antecede 1 a 2
dias antes do aparecimento das manchas vermelhas.
ATENÇÃO |
É importante a sensibilidade dos profissionais de saúde em detectar
oportunamente um caso suspeito de sarampo, bem como executar todas as acções
de controle relacionado com o caso. A população deve ser mobilizada pelo
pessoal de saúde de maneira a manter-se alerta para os sinais e sintomas
típicos das doenças e procurar imediatamente o serviço de saúde. |
A
seguir. são apresentados os sinais e sintomas do Sarampo de acordo com os três
períodos de manifestação da doença.
PERÍODO DE INFECÇÃO |
Dura cerca de sete dias,
onde surge a febre, acompanhada de tosse seca, coriza, conjuntivite e fotofobia.
Do 2° ao 4° dia desse período, surgem as manchas vermelhas, quando se
acentuam os sintomas iniciais. O paciente apresenta estado de prostração e
lesões características de sarampo: irritação na pele com manchas vermelhas,
iniciando atrás da orelha (região retro-auricular)6. |
PERÍODO
DE REMISSÃO
|
Remissão é o termo
utilizado em medicina para designar a fase da doença em que não há sinais de
actividade dela, mas não é possível concluir como cura. O termo é utilizado
principalmente em relação ao câncro, doenças auto-imunes e infectologia, onde
a ausência de sinais da doença não significa cura completa e tem risco de
recidiva tardia. Caracteriza-se pela
diminuição dos sintomas, com declínio da febre. A erupção na pele torna-se
escurecida e, em alguns casos, surge descamação fina, lembrando farinha, daí
o nome de furfurácea6. |
PERÍODO TOXÊMICO |
Relativo a toxemia; é a
intoxicação resultante do excesso de toxinas (vide toxina) O sarampo é uma doença que
compromete a resistência do hospedeiro, facilitando a ocorrência de
super-infecção viral ou bacteriana. Por isso, são frequentes as complicações,
principalmente nas crianças até aos dois anos de idade, em especial as
desnutridas e adultos jovens. |
A ocorrência de febre, por
mais de três dias, após o aparecimento das erupções na pele, é um sinal de
alerta, podendo indicar o aparecimento de complicações, sendo as mais
simples: infecções respiratórias; otites; doenças diarréicas e neurológicas. |
Fonte 1: Adaptado de http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo
(Portal Saude, 2018)
Poliomielite
Caracterização
|
É uma infecção
viral aguda que se propaga pela via fecal-oral. Consequentemente, a
transmissão é mais alta em áreas de pobre saneamento e água contaminada. A
paralisia flácida aguda (PFA) que é a condição clínica para se suspeitar da
poliomielite, é uma doença notificável. |
Definição de Caso- Suspeita de PFA |
Qualquer caso de início súbito de paralisia flácida
de um ou mais membros em crianças menores de 15 anos de idade. |
Epidemiologia
O vírus propaga-se pela
via fecal-oral. Quase todas as crianças que vivem numa casa onde alguém
esteja infectado pelo vírus, serão infectadas. As pessoas infectadas são
muito susceptíveis de propagar o vírus 7 a 10 dias depois de manifestarem os
primeiros sintomas da doença. Pessoas infectadas assintomáticas também podem
propagar a infecção. Durante uma epidemia,
somente uma pequena proporção de indivíduos manifesta a doença. No entanto,
embora este seja o caso, a incapacidade severa (a qual é prevenível) torna a
pólio numa doença muito séria. É a causa mais importante de incapacidade
física em crianças. A poliomielite é causada por uma das três estirpes de
poliovírus (1, 2 ou 3), e tem um período de incubação até ao início da
paralisia de 2 – 3 semanas. |
Às vezes, há envolvimento
dos músculos respiratórios (nestes casos, o doente pode morrer por dificuldades
de respirar) e da deglutição. É possível haver recuperação completa espontânea,
mas mais frequentemente ocorre paralisia residual, a qual se não for bem
tratada com fisioterapia, pode levar à deformidade marcada do(s) membro(s) e
incapacidade física2.
Quadro Clínico
-
A poliomielite pode causar paralisia e até mesmo a morte,
mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente e não manifesta
sintomas, deixando a doença passar despercebida. -
A maior parte dos casos apresenta o tipo não-paralítico da
doença, em que a pessoa não manifesta nenhum sintoma. Quando os sintomas
surgem são brandos, e podem ser facilmente confundidos com uma gripe. Os sinais e sintomas, que
costumam durar de um a dez dias, são: Em casos mais graves, a
infecção pelo poliovírus leva à poliomielite paralítica. Alguns dos sinais
são os mesmos da poliomielite não-paralítica, como febre, dor de cabeça e
vômito. Entretanto, ela evolui para fortes dores musculares e flacidez nos
membros, muitas vezes pior num dos lados do corpo e com maior incidência nos
membros inferiores. |
Causas e Sequelas
A falta de saneamento, as
más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem factores
que favorecem a transmissão do poliovírus.
As sequelas da poliomielite
estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, que
normalmente correspondem a sequelas motoras e não tem cura. Assim, as
principais sequelas da poliomielite são apresentadas no quadro seguinte1.
Às vezes há envolvimento dos
músculos respiratórios (nestes casos o doente pode morrer por dificuldades de
respirar) e da deglutição. No entanto, é possível haver recuperação completa
espontânea, mas mais frequentemente ocorre paralisia residual, a qual se não
for bem tratada com fisioterapia, pode levar à deformidade marcada do(s)
membro(s) e na capacidade física.
Contudo, as principais sequelas resumem-se em:
-
Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não
consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
-
Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa
manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
-
Osteoporose;
-
Paralisia de uma das pernas;
-
Problemas e dores nas articulações;
-
Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca
acúmulo de secreções na boca e na garganta;
As sequelas da poliomielite
são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que
ajudam a desenvolver a força dos músculos afectados, além de ajudar na postura,
melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além
disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares
e das articulações.
Tratamento
Não existe tratamento específico, todas as vítimas de
contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas, de
acordo com o quadro clínico do paciente. |
Prevenção
LEMBRA-SE |
Apesar de a vacinação ser
a forma mais eficaz para prevenção da poliomielite, medidas direccionadas ao
meio ambiente, como o saneamento básico devem ser tomadas com o propósito de
modificar as más condições higiénico-sanitárias e consequentemente, conter a
transmissão do poliovírus. |
Em suma, as
vacinas, tanto orais (Sabin: vírus atenuado) quanto injectáveis (Salk: vírus
inactivado) são as principais formas de evitar a pólio. Outras medidas, como a
lavagem correcta das mão com água, sabão ou cinza, após o uso da casa de banho
ou trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos; ingerir somente água
tratada e tratamento dos doentes, além de medidas de saneamento básico, são
necessárias não só para evitar esta, mas uma gama de doenças de transmissão
fecal-oral.
Tétano
Neonatal
Caracterização |
O tétano é uma
doença neurológica aguda causada pela exotoxina (toxina) do bacilo do tétano
(Clostridium tetani), o qual cresce em tecidos mortos na ausência de
oxigênio, como por exemplo, em feridas profundas e sujas, ou no coto do
cordão umbilical do bebé. O bacilo forma
esporos que podem sobreviver no ambiente, particularmente na superfície de
metais enferrujados. A toxina que produz, intoxica os nervos que controlam os
músculos e causa rigidez3. Os
recém-nascidos podem sofrer de tétano neonatal (TNN), que ocorre via cordão
umbilical se o parto ou cuidados pós-parto não tiverem sido assépticos
(limpos). A infecção ocorre como resultado do uso de instrumentos
contaminados. Qualquer pessoa pode apanhar tétano. O tétano neonatal é uma
doença notificável. |
Definição de caso |
Doença caracterizada por
início entre o 3º e o 28º dia de idade e história de incapacidade de sugar,
seguida de rigidez e ou espasmo muscular, e frequentemente, morte3. |
Epidemiologia
O reservatório do bacilo é o meio ambiente em locais com poeira
e lixo. É uma doença comum com uma taxa de letalidade muito alta3. Os que trabalham
nas machambas, recém-nascidos ou qualquer pessoa com ferida suja tem um risco
maior de contrair a doença. Está também associada à convivência com animais,
falta de vacinação ou vacinação incompleta e aplicação de remédios
tradicionais como cinzas ou outros que possam veicular o agente. A magnitude do tétano
neonatal não é conhecida porque muitas das mortes ocorrem em casa e são
poucas vezes reportadas pela comunidade2. |
A magnitude do tétano
neonatal não é conhecida porque muitas das mortes ocorrem em casa e são,
poucas vezes, reportadas pela comunidade. A seguir são listados
alguns aspectos que condicionam o tétano neonatal nas comunidades: O recém-nascido nasce
normal, mas para de sugar 3 a 10 dias mais tarde. O bebé fica irritável e
chora muito. Em seguida, ocorre rigidez generalizada, convulsões e espasmos
musculares severos por estímulos como tocar na criança, barulho ou luz. A
morte segue-se em muitos casos. Os músculos da mandíbula
são frequentemente os primeiros a serem afectados pela contracção espástica,
dando o característico “riso sardônico” 3. Mais tarde, são cada
vez mais envolvidos outros grupos musculares resultando no quadro
característico de rigidez da nuca, rigidez abdominal (opistótonos) e dificuldades
em respirar e deglutir2. |
ATENÇÃO |
O Tétano Neonatal não é contagioso e acomete o recém-nascido
(RN), nos primeiros 28 dias de vida. |
Prevenção
O esquema completo e
actualizado da vacina anti-tetânica tem uma eficácia de quase 100% na
prevenção do tétano neonatal. Além da vacina, o parto limpo, cuidados
higiênicos e adequados com o coto umbilical são fundamentais na prevenção da
doença. |
Indivíduos
imunizados com TT (Toxóide Tetânico) desenvolvem anticorpos contra o tétano.
Mulheres grávidas com vacinação anti-tetânica em dia passam os anticorpos
para seus bebés, assim, garantindo sua protecção contra o tétano à nascença,
mas por período limitado. Por isso, a VAT correcto às mulheres em idade
fértil (incluindo grávidas) protege a mãe e ao bebé contra o tétano1. Adicionalmente, o manejo
adequado das feridas também previne o tétano. As feridas devem ser
completamente limpas e todo o tecido morto removido. Pessoas com feridas sujas e que não estejam completamente protegidas
contra o tétano, devem receber imunoglobulina tetânica para neutralizar os
efeitos da toxina3. |
A prevenção do tétano bem como de tantas outras doenças infecciosas
exige esforços não só das autoridades sanitárias, mas também o envolvimento de
outras áreas responsáveis pelos demais determinantes sociais de saúde3.
Factores de Risco Para o Tétano Neonatal
Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo
(Portal Saúde, 2018)
Tratamento
O tratamento do tétano neonatal deve ser sempre em ambiente hospitalar3. O paciente deve ser internado numa unidade sanitária ou em
enfermaria apropriada, acompanhado por uma equipe médica e de enfermagem
experiente na assistência dessa patologia, o que pode reduzir as complicações
e a letalidade3. É necessário a administração de imunoglobulina
humana anti-tetânica ou soro anti-tetânico, antibiótico, sedativos e outras
medidas de suporte que o caso exigir3. |
Tuberculose
Caracterização |
A tuberculose (TB) é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo gram positivo também conhecido por Bacilo de Koch. Afecta primariamente os pulmões, mas também outras
partes do corpo podem ser atingidas, tais como, os ossos, as articulações, os
rins e o cérebro. |
Definição de Caso – Caso Suspeito |
Qualquer criança doente
com história de contacto com um caso suspeito ou confirmado de tuberculose
pulmonar. Qualquer criança com as seguintes características: -
Perda de peso, tosse e
expectoração, que não respondem ao tratamento antibiótico para doenças
respiratórias agudas; |
Epidemiologia
A TB é endémica em
Moçambique, tanto nas áreas rurais como nas urbanas e afecta todas as idades.
O HIV/SIDA e a falência terapêutica são factores contribuintes para o
agravamento do impacto da doença. |
Factores de Risco
Os
factores de risco compreendem:
-
Imuno-deficiência;
-
Malnutrição;
-
Alcoolismo;
-
Diabetes;
-
Superlotação (super-povoamento);
-
Locais com ventilação inadequada e contacto próximo com
pessoa infectada.
Quadro Clínico
- Quadro de sudação noturna,
fraqueza geral e perda de peso. - História de tosse há mais
de 4 semanas. |
Prevenção
A BCG protege principalmente contra as formas infantis
severas de TB, que são a tuberculose miliar e a meningites tuberculosa. Não
protege efectivamente contra a forma adulta da tuberculose. |
Outra maneira de prevenir a
doença é identificar a “infecção latente de tuberculose”, que acontece quando
uma pessoa convive com alguém que tem tuberculose. Neste caso, é necessário
procurar uma unidade de saúde2. Pessoas que possuem o bacilo,
recebem tratamento para prevenir o desenvolvimento da doença6.
Medidas direccionadas
ao ambiente devem ser tomadas como arejamento dos locais com aglomerados de
pessoas, uso da etiqueta da tosse, a higiene das mãos entre outras medidas
gerais2.
Tratamento
Difteria
Definição de Caso |
Dor
de garganta, febre e membrana esbranquiçada aderente às amígdalas, faringe
e/ou passagens nasais. |
Epidemiologia
A difteria propaga-se quer
por contacto directo pessoa-a-pessoa, ou através de gotículas quando um
portador tosse. O portador pode ser assintomático e imune. A propagação da
doença é favorecida em locais super-povoados e com baixas condições de vida3. O
período de incubação é de 1 – 7 dias. As pessoas infectadas podem propagar a doença até
4 semanas. Raramente, podem continuar infectantes até 6 meses. Durante os surtos e
epidemias, algumas crianças podem ser portadoras assintomáticas, mas ainda
podem espalhar a doença às outras pessoas6. |
Quadro Clínico
Quando a difteria afecta a
garganta e as amígdalas, os sintomas precoces são a dor de garganta, perda de
apetite e febre ligeira. Dentro de 2 ou 3 dias, aparece uma membrana
esbranquiçada ou acinzentada na garganta e amígdalas e os gânglios do pescoço
aumentam de volume. Os pacientes podem recuperar ou desenvolver fraqueza
severa e morrer dentro de 6 a 10 dias3. |
Tratamento
Casos de difteria devem
ser tratados com toxina anti-diftérica e antibióticos e devem ser isolados
para evitar exposição às outras pessoas. Culturas das secreções da garganta
devem ser feitas para confirmar o diagnóstico3. Os pacientes
tornam-se não infecciosos dois dias depois de iniciarem o tratamento
antibiótico. Os pacientes tornam-se não infecciosos dois dias depois de
iniciarem o tratamento antibiótico. |
Pertussis (Tosse
Convulsa)
Caracterização |
É
uma doença bacteriana causada pelo Bordatella Pertussis, que vive na boca,
nariz e garganta. A doença é extremamente contagiosa, especialmente em
ambientes de super-povoamento e má nutrição. Muitas crianças com
pertussis apresentam quadros de tosse que duram 4 a 8 semanas. A doença é
comum em crianças não imunizadas. A tosse convulsa tem
uma mortalidade elevada quando afecta crianças com menos de um ano de idade.
Devido à tosse com vómitos constantes, o estado nutricional da criança doente
tende a complicar-se. |
Definição de Caso |
Tosse há, pelo menos, duas semanas e caracterizada
por, pelo menos, um dos seguintes sinas: tosse, inspiração em guincho ou
vômito a seguir à tosse sem outra causa aparente. |
Epidemiologia
A pertussis propaga-se muito facilmente de
pessoa-para-pessoa através de gotículas produzidas pela tosse ou espirro. Muitas
pessoas expostas ao germe tornam-se infectadas. A doença é transmitida a
partir de 7 dias depois da exposição até 3 semanas depois do início da tosse. O período de infecção pode ir até 21 dias. Ocorre
pouca ou nenhuma transferência de imunidade da mãe para o filho. Infantes e
crianças pequenas são muito susceptíveis de se tornar infectadas, desenvolver
complicações sérias e morrer. Popularmente, a tosse convulsa é chamada
“doença dos seis meses” e figura em segundo lugar, depois do sarampo, entre
as doenças causadoras de com aplicações sérias em crianças. |
Quadro Clínico
Descrevem-se
3 estágios no caso típico de tosse convulsa:
Estágio
catarral |
Sintomas iniciais são
semelhantes ao do resfriado (febre moderada, coriza, espirros e tosse irritativa) Inicialmente, por volta da
primeira semana, há um estágio catarral, com sintomas respiratórios
superiores semelhantes aos de um resfriado comum. A criança parece ter um
resfriado comum com corrimento nasal, olhos lacrimejantes, febre e tosse. A
tosse piora gradualmente. |
Estágio paroxístico |
A segunda fase, envolve
acessos de tosse rápida. No fim destes acessos, a criança inspira com um
guincho. A criança pode ficar cianótica devido à falta de oxigênio durante os
acessos de tosse, vômito e exaustão frequentemente ocorrem a seguir aos
ataques de tosse, que são particularmente frequentes à noite. Este estágio
dura uma a seis semanas, mas pode ir até dez semanas. Os ataques tornam-se
menos severos com o passar do tempo6. |
Estágio de convalescência |
Nesta fase, a tosse
gradualmente torna-se menos intensa e pára em 2 a 3 semanas. Geralmente há
febre alta durante o curso da doença. Quando infecções
respiratórias secundárias se instalam nessa fase, podem resultar em
reaparecimento transitório dos paroxismos. |
As complicações mais comuns agem sobre
as vias respiratórias. Os bebés apresentam um
risco devido à falta de oxigenação após períodos de apneia ou acessos de
tosse. podem desenvolver pneumonia, que pode ser fatal. Pode
ocorrer pneumo-tórax durante um episódio de tosse, hemorragia ocular,
úlcera abaixo da língua quando esta é comprimida contra os dentes durante um
episódio de tosse, hérnia umbilical e até prolapso retal.
A tosse convulsa é também chamada de coqueluche,
pertussis ou ainda de tosse comprida
Tratamento
Os
antibióticos ajudam a reduzir os episódios de tosse e no tratamento de
complicações como pneumonia e otite média. Deve-se também dar muito líquido
para prevenir a desidratação. |
Prevenção
A prevenção deve ser feita com a vacinação, que é obrigatória
e gratuita. No entanto, deve-se obedecer ao calendário de vacinação, e
medidas voltadas ao meio ambiente e educação sanitária devem ser tomadas. |
Factores
de risco e Complicações
|
Entre outros grupos e factores de risco estão: As complicações resumem-se em: As complicações da Coqueluche são raras, contudo, se
houver elas poderão ser: -
Costelas
machucadas ou rachadas. -
Convulsão; -
Desidratação; -
Hérnias
abdominais e umbilical; -
Hemorragia
ocular; -
Infecções
de ouvido; -
Pneumonia; -
Parada
respiratória; -
Pneumotórax; -
Prolapso
retal; -
Lesão
cerebral; -
Vasos
sanguíneos da pele ou olhos
esbugalhados. |
Caracterização |
A hepatite B é uma doença infecciosa que afecta o fígado
causada pelo vírus da hepatite B (VHB). O vírus pode causar infeções tanto
agudas como crónicas. Durante a infeção inicial aguda muitas pessoas não manifestam
sintomas. Em algumas pessoas, os sintomas manifestam-se de forma súbita e
incluem vómitos, pele amarela, fadiga, urina de cor escura e dor abdominal. Muitas das consequências
sérias da infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) ocorre entre pessoas que se tornam cronicamente
infectadas. Pessoas com infecção crónica geralmente são assintomáticas
durante décadas depois da infecção e 15-25% destas pessoas desenvolvem câncro
do fígado ou cirrose. Estes portadores crónicos também são um reservatório
importante para a transmissão de novas infecções. |
Epidemiologia |
-
A doença é altamente endémica em África. 60 – 90% são
infectadas até à idade adulta, dos quais 5 – 25% são portadores crónicos. A
transmissão do VHB pode ocorrer com a exposição percutânea ou da mucosa, de
sangue ou fluídos corporais de portadores. -
O vírus é encontrado em altas concentrações no sangue e
exudatos serosos, moderada no sêmen e fluído vaginal e baixa na saliva. |
O período de transmissibilidade estende-se de duas a
três semanas antes dos primeiros sintomas e mantém-se durante a evolução
clínica da doença. O portador crônico pode transmitir por vários anos. |
Prevenção
Existe
uma vacina segura e eficaz contra a hepatite B há aproximadamente 30 anos. A
vacina da hepatite B é eficaz na prevenção da infecção pelo VHB quando é
aplicada quer antes ou pouco depois da exposição ao vírus6. A OMS
recomenda a inclusão da vacina da hepatite B em todos os programas de
vacinação de rotina de todos os países. Moçambique introduziu a vacina contra
a hepatite B no PAV de 2001, sob a forma combinada de DPT/Hepatite B. O
objectivo primário da vacinação contra a hepatite B é prevenir a infecção
crónica que ocorre na infância, a qual pode resultar em doença crónica do
fígado mais tarde na vida6. |
Doenças Causadas
pelo Haemophilus Influenzae
Caracterização |
Infecções causadas pelo Haemophilus influenzae (Hib) são uma das
principais causas de morbidade e mortalidade em crianças menores de 5 anos no
mundo. As manifestações mais importantes causadas pelo Hib são pneumonia,
meningite e outras patologias como a epiglotite, septicemia, celulite,
artrite, osteomielite, pericardite devido a metástases sépticas à distância. O Haemophilus influenzae é um cocobacilo
Gram-negativo, aeróbio. Estirpes não-capsuladas são menos virulentas do que
as capsuladas. Estirpes capsuladas podem ser classificadas em seis sero-tipos
(tipo a, b, c, d, e, f), a partir da diferença antigênica da cápsula
polisacarídica. São conhecidas por causar doença mas, o tipo b é o mais virulento
e é responsável pelos quadros clínicos mais graves. |
Epidemiologia
A infecção é mais comum em
crianças menores de 5 anos e as crianças entre 4 a 18 meses estão em maior
risco. Nos recém-nascidos, os anticorpos maternos protegem da infecção, mas
por volta dos 2 a 3 meses esta protecção entra em queda e a incidência da
infecção aumenta. |
O Haemophilus influenzae,
incluindo Haemophilus influenzae tipo b, são comensais da sofaringe das crianças. Portanto, as
bactérias são passadas de criança para criança através de gotículas e
secreções naso-faringeas quando uma criança infectada tosse ou espirra. A
transmissão pode ainda ocorrer quando partilham brinquedos ou outros objectos
que levam à boca. O reservatório do H. influenzae é o homem doente ou
portador. Nos países em desenvolvimento 3% à 20% dos casos são fatais. Das
crianças que sobrevivem, 30 a 40% ficam com deficiência neurológica
permanente como paralisia, atraso mental e/ou perda auditiva. Geralmente o período de incubação é de 2 a 4 dias e
a transmissão é interrompida após 48h de antibioterapia eficaz. Sendo assim,
a OMS recomenda que a vacina Hib seja incluída na rotina dos programas de
imunização. |
Prevenção
A vacinação é a forma mais
eficaz para prevenção da doença, no entanto, outras medidas voltadas ao meio
ambiente devem ser tomadas. |
Meningite por Haemophilus Influenzae
Caracterização
|
É a infecção da membrana que cobre a medula espinal
e o cérebro, provocando inflamação da mesma. |
Pneumonia por Haemophilus Influenzae
Nos países em desenvolvimento é a maior causa de
infecção pulmonar baixa na faixa etária dos 2 meses até 5 anos.
Rotavírus
Caracterização
Os rotavírus se refere à
doença diarréica aguda causada por um vírus - RNA, vírus da família dos Reoviridae, do género Rotavírus. É
uma das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de
cinco anos no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento como
Moçambique6. |
Quadro Cínico |
A forma clássica do rotavírus, principalmente na faixa
de seis meses a dois anos, é caracterizada por uma forma abrupta de vómito. Na
maioria das vezes, há diarreia com carácter aquoso, aspecto gorduroso e
explosivo, além de febre alta. Podem ocorrer formas leves e sub-clínicas nos
adultos e formas assintomáticas na fase neonatal e durante os quatro primeiros
meses de vida3.
Epidemiologia
Rotaviruses é pensado para causar anualmente mais de
800 mil mortes nas crianças envelhecidas com menos de 5 anos em países em
vias de desenvolvimento, e é responsável por mais de 500 mil visitas a um
médico anualmente nos Estados Unidos apenas. 3 Consequentemente
uma ênfase principal foi posta sobre a revelação de um cofre forte e de uma
vacina eficaz para o uso na infância adiantada3. Um dos desafios principais em estudos
epidemiológicos é a evolução rápida dos rotaviruses através dos mecanismos
diferentes. A transmissão Interspecies tem um papel crucial na diversidade
dos rotaviruses3, e a capacidade dos rotaviruses para trocar o
material genético entre vírus humanos e animais durante co-infecções conduz à
geração de vírus novos. |
Transmissão
Os rotavírus são transmitidos pela via fecal-oral, por
contacto pessoa a pessoa, por meio de água e alimentos contaminados, objectos
contaminados e, provavelmente, por propagação aérea, via aerossóis. Há presença
de alta concentração do vírus causador da doença nas fezes de crianças
infectadas.
O período de incubação é de,
em média, dois dias. Já o período de transmissibilidade, a máxima excreção
viral se dá no 3.º e 4.º dias a partir dos primeiros sintomas2. No
entanto, podem ser detectados nas fezes de pacientes mesmo após a completa
resolução da diarreia3.
Prevenção
|
O paciente deve ser
tratado por meio de reposição hidro-eletrolítica e manejo dietético adequado.
Não é recomendado o uso de anti-microbianos e anti-diarréicos. |
Rubéola
Caracterização |
A Rubéola é uma doença aguda,
de alta contagiosidade, transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus da família Togaviridae. A doença também é
conhecida como “Sarampo Alemão”. |
No campo das doenças infecto-contagiosas, a
importância epidemiológica da Rubéola está representada pela ocorrência da
Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) que atinge o feto ou o recém-nascido cujas
mães se infectaram durante a gestação2. A infecção na gravidez
acarreta inúmeras complicações para a mãe, como aborto e nado-morto (feto
expulso morto) e para os recém-nascidos, como malformações congênitas (surdez,
malformações cardíacas, lesões oculares e outras). Há muito poucos casos de
síndroma da rubéola congénita comunicados anualmente à OMS, mas os estudos
feitos sugerem que os casos oficialmente comunicados são frequentemente
inferiores à realidade.
Quadro Clínico |
Os sintomas da Rubéola são
febre baixa, linfo-adenopatia retro-auricular, occipital e cervical,
acompanhado de exantema máculo-papular. |
Prevenção
-
A prevenção é feita por meio da vacinação a todas crianças
com 9 meses de idade. A vacina está disponível nas unidades sanitárias do
Serviço Nacional de Saúde; -
Arejamento dos locais com aglomerados de pessoas também é
recomendado, para além das medidas gerais ao meu ambiente e adopção de
hábitos higiénicos saudáveis. |
Não há tratamento específico para a Rubéola. Os sinais e
sintomas apresentados pelo paciente, devem ser tratados de acordo com a
sintomatologia e terapêutica adequadas.
Doenças por
streptococcus pneumoniae/ pneumococo
Doenças
pneumocócicas são enfermidades complexas e conjugam um grupo de outras doenças
causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também conhecida como
pneumococo. Já foram identificados mais de 90 soro-tipos e que apenas um
pequeno sub-grupo causa a maioria das doenças relativas à bactéria em todo o
mundo.
Caracterização |
Streptococcus
pneumoniae ou informalmente
Pneumococo é uma espécie de bactérias Gram-positivas, pertencentes ao género
Streptococcus, com forma de côcos que são uma das principais causas de
pneumonia e meningite em adultos, e causam outras doenças no ser humano que
serão descritas no esquema seguir6. |
Outas Causes de Pneumonias
Virais
|
Bacterianas
|
Outas causes de meningite
Virais |
Bacterianas |
-
Enterovíros; -
Encefalite
japonesa; -
Arbovíros; -
Papeira; -
Herpes-vírus. |
Factores de Risco
Transmissão
As bactérias são
disseminadas através de gotículas de saliva ou muco expelidos pela pessoa
portadora sadia ou doente, por exemplo, quando as pessoas infectadas tossem ou
espirram. Estas pessoas podem ser portadoras do pneumococo sem apresentar
sinais ou sintomas da doença, mas podem infectar outras pessoas. Os portadores
mais frequentes são as crianças pequenas6.
Prevenção
A infecção produz imunidade tipo-específica, mas não se
generaliza para outros sorotipos. Caso contrário, a prevenção envolve
vacinação e anti-bioticoterapia profilática. |
RESUMO |
-
A vacina é uma das formas mais eficaz para prevenção de
doenças, pois para além de prevenir as pessoas vacinadas, também ajuda a
comunidade no geral, uma vez que quanto maior número de indivíduos vacinados,
menor é a chance de contracção de doenças por parte dos não imunizados. -
Os objectivos do PAV consistem em elevar os
actuais níveis de cobertura vacinal, estender a vacinação aos que são
actualmente sub-servidos, aos grupos etários para além da infância,
introduzir novas vacinas, tecnologias e integrar a vacinação com a prestação
de outras intervenções prioritárias de saúde, com vista a acelerar o alcance
dos objectivos do desenvolvimento do milénio, no que tange àredução da
mortalidade infantil, melhoria da saúde materna e combate às doenças,
eventualmente incluindo a Malária e o HIV/SIDA. -
Os laboratórios produzem a vacina a partir dos próprios
agentes infeciosos, mas enfraquecidos, mortos ou com algum derivado deles.
Primeiro, os micro-organismos são cultivados em células animais, como as de
um ovo de galinha. Depois que se multiplicam, passam por um processo de
enfraquecimento, ou seja, perdem a patogenicidade -
As doenças-alvo do PAV são as que se podem evitar com a
aplicação de vacinas específicas incluídas no Programa. Uma vez que cada país
tem a sua política em relação às vacinas a serem usadas nos seus respectivos
programas e as doenças-alvo do PAV devem ser bem definidas de modo a
facilitar a sua detecção e seguimento a todos os níveis, através do sistema
da vigilância epidemiológica. -
Erupção característica que é acompanhada de inflamação
da mucosa que ocorre no momento em que a imunidade para o vírus se
desenvolve. As manifestações são febre, constipação. |
[1]
Asplenia se refere ao não funcionamento do baço e está associada com riscos de
infecção graves. Assim, é mais grave que o hipo-esplenismo que se refere a um
funcionamento reduzido/insatisfatório do baço.
Boa tarde. Obrigada pelo apoiovo didática.
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