INTRODUÇÃO AO PROGRAMA ALARGADO DE VACINAÇÃO

A vacina é uma das formas mais eficazes para prevenção de doenças, pois, para além de prevenir as pessoas vacinadas, também ajuda a comunidade no geral, uma vez que quanto maior número de indivíduos vacinados, menor é a chance de contracção de doenças por parte dos não imunizados.  Por outro lado, sabe-se que é mais dispendioso tratar doenças do que as prevenir. 

            Em Moçambique, existe o Programa Alargado de Vacinação (PAV) que tem vindo a mostrar o seu contributo na redução da morbi-mortalidade por doenças imuno-preveníveis. No entanto, ainda se verificam heterogeneidades na sua procura por parte do grupo-alvo, associadas ao fraco acesso aos cuidados primários de saúde principalmente em regiões recônditas. 

            Assim sendo, é da competência dos profissionais de saúde, com destaque aos técnicos de Medicina Preventiva e Saneamento do Meio, divulgar as acções do programa, mobilizar as comunidades e imunizar todos grupos elegíveis e, consequentemente, reduzir cada vez mais a incidência de doenças-alvo do programa. Nesta unidade, serão abordados aspectos referentes à vacinação, gestão, mobilização entre outros indispensáveis para planificação, implementação e avaliação do programa tendo em conta o seu objectivo.  


Desde que foi lançado, em 1979, o programa busca a inclusão social, assistindo todas as comunidades, em todos o país, sem qualquer tipo de distinção. As vacinas do programa estão à disposição em todas as Unidades Sanitárias (US) ou com as equipas moveis de saúde, cujo empenho permite levar a vacinação às comunidades que se encontram em locais de difícil acesso1.

Sendo assim, os objectivos do PAV consistem em elevar os actuais níveis de cobertura vacinal, estender a vacinação aos que são actualmente subservidos, aos grupos etários para além da infância, introduzir novas vacinas, tecnologias e integrar a vacinação com a prestação de outras intervenções prioritárias de saúde, com vista a acelerar o alcance dos objectivos do desenvolvimento do milénio, no que tange à redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde materna e combate às doenças, eventualmente incluindo a Malária e o HIV/SIDA1.

 

Características Específicas das Vacinas

As vacinas induzem o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos que evitam a contracção da doença. Portanto, para que as vacinas sejam produzidas e cheguem ao destinatário em boas condições de conservação, evitando o crescimento microbiano, que são combinados alguns dos elementos Descritos a seguir.

Composição das Vacinas

Os laboratórios produzem a vacina a partir dos próprios agentes infecciosos, mas enfraquecidos, mortos ou com algum derivado deles. Primeiro, os micro-organismos são cultivados em células animais, como as de um ovo de galinha. Depois que se multiplicam, passam por um processo de enfraquecimento, ou seja, perdem a patogenicidade. No entanto, continuam fazendo com que o organismo desenvolva anticorpos específicos ao agente em questão.

EXEMPLO

 

A vacina da BCG contém bactérias que causam a Tuberculose. Contudo, essas bactérias, modificadas por um processo laboratorial, estão tão enfraquecidas que não conseguem provocar doença.

A vacina contra o Sarampo contém respectivos vírus. Porém, esses vírus, também estão modificados e não conseguem desenvolver doença.

As vacinas podem ser classificadas quanto à origem e forma de apresentação.


Classificação das Vacinas

ORIGEM

FORMA

Bacterianas: São  vacinas criadas para aumentar a imunidade contra as próprias bactérias ou contra as suas toxinas como é o caso da: DTP/Hib; VAT; BCG

Virais: Produzidas a partir e contra os vírus, podem ser de dois tipos a saber: atenuada ou inactivada. por exemplo: vacinas contra febre amarela, poliomielite, rubéola, sarampo, tríplice viral, varicela e varíola, hepatite B, raiva. etc

Líquidas: Certas vacinas apresentam-se na forma líquida eelas não necessitam de diluição antecipada para a sua administração, por exemplo: vacinas contra febre amarela, poliomielite, rubéola, sarampo, tríplice viral, varicela e varíola, hepatite B, raiva, difteria, tétano, meningite por atmófilos influenza B, etc

Liofilizadas ou em pó: vacinas que precisam de diluente para a sua preparação, como é o caso de BCG e VAS

 

 GRUPO ALVO DO PAV

O grupo-alvo do PAV é um conjunto específico de pessoas que partilham determinadas características e que está em risco comum de contrair determinadas doenças. No entanto, para se obter o número real do grupo-alvo é necessário que se  conheça a população total de cada área geográfica gerida por uma Unidade Sanitária1.

Grupos Prioritários do PAV

-        Estes grupos são obtidos mediante cálculos estatísticos de forma a obter o valor absoluto da população, a partir da cifra estabelecida para cada grupo específico1

Grupos prioritários

Outros grupos do PAV

-   Menores de 1 ano (0 - 11 meses): que corresponde a 4% da população total da área de saúde;

-   Mulheres grávidas: corresponde a 5% da população total da área de saúde.

-   Mulheres em Idade Fértil (MIFs): corresponde à população feminina dos 15 a 49 anos – 24.9% da população1;

-   Alunos das escolas (primeira e segunda classes)

-   Trabalhadores das empresas cuja actividade profissional lhes coloque em risco de contrair doenças como o tétano1.

Taxas Adoptadas no Cálculo dos Diferentes Grupos-Alvo.

Idades

Variações

Taxas a aplicar no processo de planificação

Grávidas previstas

5%

5%

Partos previstos

4.5%

4.5%

Crianças menores de 1 ano

4%

4%

Crianças entre 1-4 anos

13-16%

13,3%

Crianças entre 0-4 anos

17-20%

17,3%

Crianças entre 5-14 anos

25-30%

27,0%

Crianças entre 0-14 anos

42-50%

44,3%

Mulheres em Idade Fértil

22,8%

24,9%


 

 

SABER MAIS

O número estimado de alunos por frequentar o ensino primário e secundário é solicitado às autoridades de educação da área de saúde.. O sector das actividades económicas disponibilizará o número de trabalhadores de acordo com a área ocupacional. Sabendo que em Moçambique existe um número significante de operários informais, ou seja, sem registos, os técnicos de Medicina Preventiva deverão obter esta informação por outros meios como seja através do reconhecimento da área de saúde, que consiste por um lado, em levantamento de dados na área servida pela US.  Esta planificação, deve ser feita rotineiramente no final de cada ano, para o ano seguinte1.



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